Foto por: Prefeitura de Estância

Estância, cidade localizada a poucos 66 km da capital, Aracaju, é considerada a Capital Nacional do Barco de Fogo, Berço da Imprensa Sergipana, cidade cultural e musical. O centro histórico, que resiste ao tempo, proporciona aos visitantes sobrados cobertos por azulejos portugueses, além de uma vila operária e o fabrico dos tradicionais fogos de artifícios, principalmente, o sergipaníssimo barco de fogo. O município ganhou esse nome ainda em tempo de povoamento, no século XVII, quando os seus primeiros colonizadores, notadamente, o mexicano Pedro Homem da Costa, por conta da quantidade de propriedade de criação de gado e dos estancieiros. A sede municipal não fica na zona litorânea, mas localiza-se às margens da BR 101, no território Sul de Sergipe, com uma população estimada em 69.184 habitantes (Dados IBGE 2019) seu primeiro povoamento data de 1621. Seus primeiros passos econômicos seguiram em direção ao cultivo da cana de açúcar e à criação de gado, devido, ao fator geográfico de estar entre cortada pelos rios Piauí e Piauitinga, facilitando sobremaneira as duas atividades. A sede municipal já possui catalogada mais de 46 casarões coloniais, alguns deles no entorno do denominado Paço Municipal. Mas a constante reutilização para lojas comerciais e a ação do tempo, sem restauro, têm descaracterizado o patrimônio histórico da cidade. Entretanto, ainda se constitui num bom destino a ser visto da arquitetura colonial em Sergipe.

 


Bairro do Bomfim

Foto por: Prefeitura

Fora do centro da cidade é possível conhecer a famosa ponte histórica sobre o rio Piautinga, que interliga a cidade ao bairro do Bomfim.

Conhecida popularmente como Ponte do Bonfim, foi construída sobre o rio Piauitinga, em meados do século XIX, com pedras e óleo de baleia. Possui grandes arcos em estilo romano para a passagem das águas. A ponte foi utilizada pelo imperador Dom Pedro II e sua comitiva quando de sua visita aos bairros da cidade. Ainda hoje faz a ligação do centro do município  ao populoso Bairro Bonfim.

No bairro Bomfim, as velhas fábricas merecem ser visitadas. Entre em contato com antecedência com o setor de Turismo da Prefeitura Municipal ou com seu agente de viagem.

Paço Municipal

Foto por: Prefeitura

Percorra o Paço Municipal e observe o casarão,  tombado pelo Iphan, em 27 de julho de 1962, que abrigou D. Pedro II. Outros casarões que devem ser visitados  são os sobrados e casas azulejadas, tombadas pela Secretária de Cultura do Governo do Estado de Sergipe, que se destacam na paisagem urbana da Avenida Gumercindo Bessa. Também são tombados pelo Governo Estadual a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e a pintura em óleo sobre tela “Misericórdia e Caridade”, de autoria de Horácio Hora, instalada no Hospital Amparo de Maria.

Roteiro Sete Maravilhas

Em 2018, a população de Estância constituída por associações, organizações não governamentais e instituições, escolheram, dentre mais de vinte atrações regionais, as sete maravilhas estancianas. Esses potenciais atrativos ganharam placas explicativas e foram transformados em um roteiro turístico. São eles:

Lira Carlos Gomes

Foto por: Secom

Instituição musical não governamental fundada em 1879, ou seja, com 138 anos de fundação, a Lira funciona no antigo casarão de Gilberto Amado, primo de Jorge Amado e personalidade ilustre do mundo jurídico sergipano. A Lira Carlos Gomes é uma das mais antigas do Estado e conhecida nacionalmente por difundir a música orquestrada. Foi a mais votada através da consulta pública que estabeleceu as Sete Maravilhas de Estância.

Lagoa dos Tambaquis

Foto por: Sandro Stéfano

Você já imaginou tomar banho em uma lagoa de águas límpidas e mornas em meio a tambaquis? Na Lagoa Azul, também denominada de Lagoa dos Tambaquis, é possível. O balneário localizado a poucos 40km da sede municipal, em uma região de forte apelo ao ecoturismo, atrai visitantes por sua estrutura de bares e restaurantes no seu entorno, onde o banho em meio aos peixes é uma atração. A região lacustre e praiana, ao mesmo tempo, permite degustar do que a gastronomia local tem para oferecer e deixar o tempo passar sem pressa. O local vem passando por restruturação da infraestrutura e tem chamado a atenção do turismo.

Complexo da Santa Cruz

Terceiro mais votado, o Complexo da Santa Cruz abrange o patrimônio arquitetônico da antiga fábrica de tecidos, a Vila Operária, uma sede da creche, cinema e a vila das casas dos familiares e dos operários.

A Fábrica Santa Cruz, ou Fábrica Velha, foi implantada em Estância, em 1891, pelos portugueses João Joaquim de Souza e Eduardo José Fernandes e vendida, em 1937, ao coronel Gonçalo Rolemberg Leite, sogro de Júlio César Leite.

No seu auge, durante a 2ª guerra mundial, a fábrica contava com mais de mil funcionários, atendendo, inclusive, ao comércio exterior. Em 1964, uma grande enchente inundou toda a fábrica e mais de 1 milhão de metros de tecidos estocados ficaram submersos, além de  seis meses sem produção.

Para completar o nível de dificuldades, surge a Revolução de 64, que inviabilizou a indústria têxtil no Nordeste. E em 1972, a Velha Santa Cruz fechou suas portas, transformando-se hoje na sede da empresa Sulgipe, permanecendo, porém como cartão-postal da cidade, por abrigar um valor patrimonial histórico e paisagístico.

Barco de Fogo

Foto por: Secom

O fogo de artifício típico de Sergipe, símbolo de Estância e Patrimônio Imaterial do Estado,  desde 2013, são barcos movidos por um fio de aço e pela força de espadas de fogo, confeccionados na cidade e um dos mais importantes elementos da cultura sergipana, principalmente no período junino. Os barcos decorados com motivos juninos percorrem o fio, com tração movida por espadas. Ao percorrer determinado percurso, as espadas promovem a tração inversa, fazendo com que os mesmos retornem.

O fabrico é, principalmente, realizado por fogueteiros do bairro Porto D’Areia, que também mantêm a tradição da pisa pólvora para a confecção de espadas, pitus, entre outros fogos de artifícios.

Catedral Diocesana Nossa Senhora de Guadalupe

Situada no Paço Municipal, entre vários casarios coloniais da Praça Barão do Rio Branco, a catedral de Estância homenageia Nossa Senhora de Guadalupe, uma santa bastante reverenciada no México e que advém também das crenças do fundador da cidade, o mexicano Pedro Homem da Costa.

A Igreja Matriz é uma obra do século XVIII, edificada em arenito, cal e grossos tijolos, com marcante presença do estilo jesuítico. No teto da capela-mor há painel representativo da Santíssima Trindade, atribuído ao artista plástico João Pequeno.