Realizado pelo Instituto Banese, a iniciativa possibilitou conhecer a história do município, a importância de Silvio Romero para o folclore e a tradição dos Parafusos de Lagarto

 
Com o tema 'Lagarto, terra de Sílvio Romero, o folclorista da gente', o projeto Arrudiar teve como destino o município de Lagarto nesse mês dedicado à cultura popular em virtude do 22 de agosto (Dia do Folclore). A experiência de conhecer destinos sergipanos pelo olhar histórico, educativo, cultural e turístico é promovida pelo Instituto Banese, através do Museu da Gente Sergipana, e aconteceu pela quarta vez. 


 
No último sábado, 26, as ruas de Lagarto, da zona rural a zona urbana, foram o cenário do arrudeio, que contou com a orientação do professor e historiador Osvaldo Neto. A primeira parada foi no povoado Santo Antônio, marco onde surgiu a cidade, e de onde o grupo partiu para desbravar os próximos pontos do roteiro. “Essa vivência é sobre educação patrimonial. E isso os nossos participantes levam para a vida enquanto profissionais e cidadãos que contribuem com a construção de uma sociedade que valoriza o que é seu. E essa visita a Lagarto cumpriu essa papel. Nos encontramos com o que é nosso: história, cultura, saberes, brincadeiras, sotaques, sabores. Agradecemos a todos que construíram e participaram dessa edição”, destaca Osvaldo. 


 
Em seguida, foi realizada uma visita à Igreja Nossa Senhora da Piedade, no Centro de Lagarto. Lá, o grupo foi recebido pelo professor e historiador Claudefranklin Monteiro, morador da cidade, que contextualizou a construção religiosa, histórica e cultural pelo viés mitológico e histórico, além de relatar fatos marcantes e curiosidades. Segundo ele, o Arrudiar é de grande potencialidade educacional e identitária. “Minha impressão sobre o projeto é a melhor possível. Ele promove um processo de encontro interiorizado da cultura sergipana e vai ao encontro das diversas identidades do estado. Tem grande potencialidade educacional a nível de patrimônio, atraindo ainda olhares dos munícipes para a identidade local”, registra.

 
 
O arrudeio continuou pela casa onde nasceu o jurista, pesquisador, professor, polemista e folclorista Sílvio Romero, pelo grupo escolar e pela praça que recebem seu nome. Nesses locais o contexto foi a importância desse sergipano para a literatura e a cultura popular no Brasil. Em Lagarto, essa cultura popular é fortemente representada pelo grupo Parafusos e por isso o roteiro incluiu a vivência de assistir o folguedo na Praça Filomeno Hora. Por meio de um ritmo envolvente, o rodopio dos Parafusos revela a resistência do povo negro, como afirma o Conselheiro do Grupo Parafusos - Associação Folclórica de Lagarto (Asflag), Jeferson Oliveira. “Resistir é a principal mensagem do nosso grupo e de que a luta pela liberdade vale a pena. Parabenizo o Arrudiar que nos ajuda a manter a nossa cultura viva”. 


 
Para a jovem arquiteta Camila Rodrigues, o Arrudiar lhe deu a oportunidade tão esperada de conhecer os Parafusos. “Eu tinha um desejo enorme de assistir os Parafusos. Há uns cinco anos que tento e agora aconteceu por meio do Arrudiar, que possibilita acessar o patrimônio e a cultura do interior do estado caminhando pelas cidades. Essa é uma proposta muito interessante, uma experiência especial”, afirma. O intercâmbio entre gerações é outra proposta do projeto. Dona Uilça José de Carvalho, de 76 anos, professora aposentada, também arrudiou. “Acho ótimo conhecer o interior de Sergipe dessa maneira interativa e repleta de informações interessantes. Além disso, descubro coisas que nunca tive oportunidade. Meu pai é de Lagarto, mas nunca ouvi falar do povoado Santo Antônio, onde a cidade nasceu”, conta dona Uilça. 


O Arrudiar também ofereceu experiência gastronômica. O trajeto foi finalizado com um almoço onde foram servidos pratos da culinária tradicional da região, a exemplo do arroz de galinha e a maniçoba. 
 
O projeto Arrudiar acontece por várias perspectivas, mas especialmente pela ótica da identificação e valorização cultural, como afirma a Diretora de Programas e Projetos, Celiene Lima. “O Arrudiar foi pensado para, através da descoberta e de novos olhares sobre o que já conhecemos, provocar identificação com o que é da gente. Nossos arrudeios por Sergipe reúnem públicos e gerações diferentes, prioriza os moradores dos locais visitados, conta histórias do passado e sua importância para o presente, une o tradicional ao contemporâneo, e tudo isso fortalece a nossa sergipanidade. O projeto é sucesso entre o público, o que nos desafia a pensar novas experiências através dele”, destaca Celiene.
 
O Arrudiar está em sua quarta edição e já passou pelos municípios de Aracaju, São Cristóvão, Pacatuba e Estância, abordando diferentes temáticas: ‘Mudança da Capital’, ‘Vivência na Reserva Indígena Fulkaxó’ e ‘Estância Forró e Folia’.
 
Fonte: Tarcila Olanda - Coord. Núcleo de Comunicação

Fotos: Eduardo Freire