Da vital economia do ciclo do açúcar ao comércio, Maruim, distante poucos 30km de Aracaju e localizada às margens do rio Ganhamoroba, um dos principais afluentes do rio Sergipe, teve seu lugar de destaque na economia do estado no século XIX e hoje casarões e prédios antigos contam parte dessa história.
A cidade viu seu apogeu na plantação da cana de açúcar, no algodão e na criação de gado. Sua história remente ao ciclo da cana, quando o município detinha um grande número de engenhos por conta do bom solo para a prática da agricultura e estar próximo de rios e riachos do Vale do Cotinguiba, a 30km da capital, Aracaju.
Por ser uma região cortada por rios, o transporte fluvial era um denominador a mais na economia de Maruim e a fazia um grande entreposto fluvial para a locomoção de pessoas e cargas. Muitas esperavam suas embarcações no “Porto das Redes”, antiga Alfândega de Sergipe.
Maruim vivenciou o apogeu do período açucareiro em meados do século XIX, devido à pujança do açúcar, já que, em determinadas épocas, a produção sergipana dos engenhos no Vale do Cotinguiba era quase que totalmente escoada pelo entreposto do vilarejo para os vizinhos Bahia, Pernambuco e até Rio de Janeiro, através do transporte fluvial.
O município chegou a sediar oito consulados, todos construídos graças às plantações de cana de açúcar e de algodão, que atraíam europeus. A grande movimentação era a efervescência em uma região pobre, mas economicamente ativa, na qual a riqueza rural ficava em mãos de poucos fazendeiros, em detrimento ao crescente aumento populacional da massa mais pobre.
Conta a história que o primeiro povoamento nasceu no encontro dos rios Sergipe e Ganhamoroba, nos arredores do Porto das Redes (antiga Alfândega de Sergipe), denominado de povoado Mombaça. Mas, como havia muitos mosquitos, a povoação se mudou do local. Daí vem o nome de Maruim, palavra de origem tupi-guarani que significa mosca pequena ou mosquito.
A povoação foi transferida para a localidade mais acima, às margens do rio Ganhamoroba, onde já estava situado o antigo Engenho Maruim de Baixo, do proprietário Manoel Rodrigues de Figueiredo.
A posição entre o rio e o interior permitiu a Maruim a instalação das mais importantes casas comerciais da Província. Fato este que gerou destaque como centro urbano, comercial, político e social; favorecendo, mais tarde, a sua concessão de vila precocemente. Nas proximidades do Engenho Maruim de Baixo, circunvizinho à Igreja São Vicente, foram construídas várias casas, com a permissão do fazendeiro Rodrigues de Figueiredo.
No ano de 1859, a navegação a vapor começou entre Aracaju, Maruim e Laranjeiras, proporcionando mais uma ferramenta para impulsionar o comércio. A navegação possibilitou também a visita, em 14 de janeiro de 1860, do imperador Dom Pedro II, da imperatriz Tereza Cristina e sua comitiva. A comitiva do imperador visitou diversos prédios públicos em Maruim.
Basta ter um olhar mais atento para a Igreja Matriz dos Passos (1862) e seu arredor que se nota o poderio de casarões ricos em detalhes e história.
Algumas construções foram instaladas à beira-rio para negociar o açúcar, a exemplo dos armazéns e trapiches, construídos pelo português José Pinto de Carvalho, muitas delas contam a história até hoje, funcionando casas comerciais e um mercado.
Com uma população de 16.343 pessoas (Censo IBGE 2020), alguns prédios ainda documentam esse apogeu, alguns deles em deterioração na zona rural do município.